quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Estudantes indígenas ensinam lição a estudantes que vivem nas cidades.

Foto: Aldeia Notícias.
Todos os anos,
estudantes que vivem nas cidades
perdem provas 

por chegarem atrasados.
Os índios, no entanto,
já estão preparados
para não perderem as provas.


No ano passado, tornou-se conhecida nacionalmente a história de uma jovem do Rio de Janeiro que chegou atrasada ao local da prova para o Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) apesar dela morar no mesmo bairro em em que faria a prova. Fatos como este ocorrem com muita frequência, e as desculpas são repetitivas: trânsito ruim, demora dos ônibus, etc., mas nada disto, mesmo sendo verdade, justifica o atraso quando o local é perto de casa.
Entre os mais de sete milhões de candidatos que estão inscritos para o Enem 2015, cujas provas ocorrerão nos próximos dias 24 e 25, estão cerca de 50 mil índios. Diariamente, um grupo de jovens da tribo Pareci, no estado de Mato Grosso, sai da aldeia em que vive, leva livros, cadernos, lápis e canetas, para se encontrar com um professor que vem lhes dando as últimas orientações. São jovens que pretendem aproveitar a oportunidade para ingressar em cursos de nível superior.Quatro rapazes e quatro moças que já sabem o que querem. 
Um deles quer ser engenheiro agrônomo, outro pretende se tornar um jornalista. Uma das moças quer ser enfermeira, outra quer ser pedagoga. O que quer ser engenheiro agrônomo é Josenaldo Ezenazokeamecê. Ele é um desses jovens índios que estudam e se dedicam dia e noite para que seus nomes sejam incluídos na lista de aprovados. "Quero cuidar da lavoura dos índios e ir em frente", ele diz. "Ir em frente", para ele, significa progredir sempre na profissão e na vida. Esta é a mesma linha de raciocínio dos outros sete, e todos já estão até com o esquema montado, com a ajuda do professor, para não perder as provas.
O líder da aldeia, Nélson Zoinzome, não esconde o orgulho que sente por eles. "Esses conhecimentos que eles vão ter quanto à nossa sociedade e quanto à sociedade não indígena serão muito importantes para eles", ele diz. Sua esposa, atualmente com 49 anos de idade, decidiu seguir o exemplo dos jovens e quer recuperar o "tempo perdido", como ela mesma diz. Quer ser professora e, para isto, está fazendo um curso online por meio de um computador que o cacique mandou instalar na aldeia com conexão à internet. Ele também diz que os índios precisam "abrir mais a mente para trabalhar com o povo, o povo indígena e não indígena".

Fontes:

Nenhum comentário:

Postar um comentário